Terça-feira, 18 de Abril de 2006
Esta vigília pascal foi passada no cinema. O cheiro a pipocas tomou o lugar do divino odor do incenso, os círios viraram lanterninhas de sinalização dos lugares e o enredo também mudou um pouco de figura. A verdade é que o Mel Gibson esgotou completamente o assunto. Se isto não é a prova da decadência moral da minha pessoa e da danação da minha alma, não sei o que será.
Bom, vem isto a propósito de no genérico inicial de INSIDE MAN do Spike Lee aparecer por duas vezes a porta da minha casa em Nova Iorque. Duas Vezes! A tal casa na Rivigton Street que referi
aqui. Deu para ver que abriu um bar novo mesmo ao lado e para soltar uma valente exclamação de "olha a nossa rua!" em meio do auditório que não tinha culpa nenhuma da minha infantil estupefacção.
Apesar da película em causa constituir entretenimento de razoável qualidade, devo referir para menor mérito do Sr. Espinho que o dito plano é um plágio de uma curta-metragem de 2002 de nome FADOCK, da autoria de um jovem e promissor realizador português, cuja edição final ainda está pendente de ditribuição mas cujo trailer tenho em minha posse caso teimas necessitem ser tiradas. Enfim, ide ver o filme e atentai numa porta de metal amarela ladeada pelas palavras “Upholstery” e “Rivigton”. Aparece duas vezes. Não três vezes, como Pedro. Mas duas.
Esta Páscoa andei vasculhando a garagem de casa dos pais em busca de umas coisas e, como sempre acontece nestes casos, encontrei outras coisas mas não as umas. Entre essas outras, estava uma colecção de autocolantes, calendários e cromos em geral, cuja autoria reparto com os meus irmãos e que constitui um retrato bastante fiel do que foi crescer nos anos 80 em Portugal. Oportunamente postarei aqui alguns dos ex-libris deste acervo que, modestamente e sem desprimor para esta fraternal taverna, mereceria a cedência estatal de um qualquer centro cultural para o abrigar e expor permanentemente ao público. Fica o repto à Srª Ministra da Cultura...
Como aperitivo, aqui fica um pedaço de
memorabilia iscspiana que irá decerto animar o dia a todos os que conhecem ao vivo e a 3 dimensões o senhor que enverga semelhante sorriso democrata cristão. Notem o
curriculum vitae abreviado no verso destacável do adesivo. Uma cortesia, uma delicadeza singela e de bom tom. Faz todo o sentido conhecer um pouco melhor o homem do autocolante antes de o colocar ao peito. Um pormenor que nos demarca do minimalista marketing político dos dias de hoje, ao qual, como é sabido, falta imenso chá.
Quarta-feira, 5 de Abril de 2006
BENFICA!
Segunda-feira, 3 de Abril de 2006
Preconceitos esquerdistas aparte (que tenho e assumo), confesso que não consigo perceber o famoso "Contrato de Primeiro Emprego" que tanta batatada tem dado em França. É verdade que os jovens até aos 26 anos vão ter mais oportunidades. Mas há uma velha lei da natureza que diz (e, ao que tudo indica, continuará a dizer) que ninguém tem menos de 26 anos para sempre. O que quer dizer que o jovem empregado passa a saber com exactidão até que idade tem emprego garantido: precisamente, até ao 25 anos e 364 dias (ou 26, se inclusive). A partir daí, o patrão perde a capacidade de o despedir sem grandes aborrecimentos. É natural que o chefe vá ao mercado dos sub 26 recrutar o seu substituto. Ou seja, é de prever que em França se crie uma enorme bolsa de desempregados à beira dos 30 que, perante a concorrência dos mais novos, perdem poder para negociar contratos e salários decentes. Talvez convenha recordar que esta é a idade fértil. Talvez convenha recordar que a França, como o resto da Europa, envelhece. Gostava, sinceramente, que alguém me explicasse qual é a vantagem do CPE.