De Tintim a 4 de Março de 2008
Começando pelo positivo.
Está pedagógico. O antes e o depois permite ver as modificações operadas e ter uma noção do que era a realidade quando a foto foi tirada. Como se estivéssemos lá e pudéssemos depois verificar o resultado do fotógrafo que estava a ver o mesmo que nós.
Os lugares / pessoas são muito bem apanhados. São exóticos. Principalmente a 3ª e a 4ª permitem-nos "sentir" o lugar muito para além de um autocarro e de uma avenida de New York. Remetem-nos para um lugar (em que nunca estive) da Indía mas tão igual a Malé ou outro lugar Indico.


Dito isto.
Não acredito em retratos a P/B em Photoshop.
Tentando explicar.
Conheço duas artes diferentes.
A de fotógrafo. E a de editor de imagem / designer.
Sou medíocre nas duas.
Mas quando vejo uma imagem manipulada em Photoshop não percebo se aquilo é resultado de um bom fotógrafo e médio manipulador, médio fotógrafo e bom manipulador, bom fotógrafo e bom manipulador, enfim...
Não defendo o P/B sobre película apenas por ser mais difícil (apesar de o amor, quando é mais difícil sabe melhor). Mas porque é mais puro.
Sim. Já sei. O trabalho de revelação é semelhante ao do Photoshop mas mais sujo. Não é bem assim.Não temos filtros â distância de um clique. Temos de os escolher, testar,enganar, voltar de novo e, provavelmente, voltar ao original.

Aqui (http://paulotrezentos.polo-sul.org/gallery/stomeportraits) tenho alguns retratos sobre película a p/b e revelados por mim.
Não tem a grande qualidade porque foram scanados.
Os modelos são muito bons, mas atrevo-me a dizer que com digital + photoshop o resultado final ficava mais artificial e não despertava tanto o sentimento de quem pega no álbum.

O velho do Restelo, reaccionário e Estalinista.



De Eduardo a 5 de Março de 2008
Olá. É a discussão do costume. Já ouvi os argumentos dúzias de vezes e já pensei sobre isso trilhões de vezes. O fotógrafo do blog sabe disso :)

No fim do dia, acabo sempre com a mesma sensação. Está tudo a discutir coisas diferentes. É uma questão de expectativa e engano. Ninguém está realmente a falar de arte ou de beleza. De pureza ou manipulação. Estamos sim a falar de expectativas diferentes.

Eu habituei-me a olhar para uma fotografia fantástica e pensar: "como é possível que este fotógrafo tenha sido capaz de olhar em volta, reparar no detalhe, decidir o enquadramento, a exposição e disparar o obturador no momento certo!". Este factor tem um enorme peso na forma como olho a imagem. E quando vejo o original, vem o engano.

Outros porém, limitam-se a olhar para o resultado final e para o processo de o atingir. É o caso do fotógrafo do blog. Ele teve a arte de manipular uma imagem vulgar e de a transformar numa imagem que comove e mexe connosco. Isso é arte sem dúvida.

Dito isto, acho que é arte, mas não é fotografia. Daqui a 10 anos, quando o Velhote olhar a foto não vai recordar o que viu com os seus próprios olhos, nem o que sentiu quando esteve nesses lugares. Vai talvez recordar o processo da manipulação e apreciar o resultado final.

Fotografar continua a ser para mim capturar o instante de forma consciente. Por isso acho que o Timtim se sente enganado quando vê estas fotos. E critica o Velhote por o enganar. Mas o engano não é deliberado. A máquina fotográfica é o tal instrumento para obter imagens e matéria prima para a verdadeira arte que virá a seguir. É outra coisa qualquer. Não lhe chamem fotografia.

A prova disso é que em alguns dos casos, aposto que o Velhote nem estava a olhar pelo viewfinder. A máquina estava na sua mão e o dedo no obturador a disparar furiosamente.

Bottom line: estão a falar de coisas diferentes e de artes diferentes. Eu vou continuar a preferir a foto deliberada e pensada no momento do click. Isso é que é fotografia para mim. Mas vou certamente dar valor à manipulação digital que foi feita. E aposto que deu imenso trabalho, como acontece com as grandes obras de arte também. Mesmo que o modelo original tenha sido obtido por uma câmara descartável e fotografado acidentalmente por uma criança de 2 meses que queria era abocanhar a lente da máquina :)
De joaovelhote a 5 de Março de 2008
Para o senhor Poingg só tenho isto a dizer:

http://www.magazine.org/Editorial/40-40-covers/37d.jpg

Esta fotógrafa, chamada Koko, fez um auto-retrato que acabou na capa da National Geographic.

"É outra coisa qualquer. Não lhe chamem fotografia."

Conheço alguns pintores no séc. XIX que devem ter ouvido algo parecido.

Quanto a tirar muitas fotos, há fotografos profissionais que estão a utilizar câmaras HD para posteriormente escolherem o frame vídeo que mais lhes agrada. Um dia destes ainda ganha um world press photo, se é que já não ganhou e teve vergonha de dizer como fez. Não há nada contra. A realidade aconteceu, o fotógrafo estava lá.
Não é fotografia? Também é outra coisa qualquer?

Quanto à criancinha de dois anos, caso não tenhas reparado as fotos que coloquei não levaram qualquer crop. Já vi eventos com dezenas de fotógrafos e a tirarem milhares de fotos num só dia e no final, ao ver o trabalho produzido, quase que dá para saber quem fez cada foto.

Para mim, a fotografia está a viver momentos muito interessantes. Eu quero fazer parte deles, não quero andar a pregar que se chama outra coisa qualquer. Chamem-lhe o que quiserem.


De Eduardo a 5 de Março de 2008
Isto começa a ter piada. Que belo tiro no pé esse do "Quanto a tirar muitas fotos, há fotografos profissionais que estão a utilizar câmaras HD para posteriormente escolherem o frame vídeo que mais lhes agrada"

Se não distingues o video da fotografia, estamos conversados :)

Quanto à fotógrafa Koko, é outro tiro no pé. Desde quando é que a capa da NatGeo é sinónimo de consenso do que é fotografia?

A tua resposta só ajuda ao ponto que estou a querer marcar. Estamos a falar de artes completamente diferentes. Acho inútil insistir em chamar fotografia a isso que descreves. Não é de todo. Chama-lhe batata. Afinal de contas, este é o ano internacional da dita cuja.
Comentar:
De
( )Anónimo- este blog não permite a publicação de comentários anónimos.
(moderado)
Ainda não tem um Blog no SAPO? Crie já um. É grátis.

Comentário

Máximo de 4300 caracteres



Copiar caracteres