Um gajo vai ao público on-line e lê isto: "Os portugueses vão pagar os empréstimos à banca mais caros dentro de pouco tempo, na sequência da crise do crédito hipotecário de alto risco ("subprime") nos EUA e da falta de liquidez nos mercados monetários, disse hoje governador do Banco de Portugal". Portanto, os americanos andaram a jogar demasiado na especulação (como se fosse razoável uma casta ganhar a vida a não fazer absolutamente mais nada a não ser especular) , o resto do mundo não tem dinheiro para pagar tanta dívida e o Chico António que anda a pagar a casa até aos 70 anos é que se fode. Isto tem muita lógica, tem sim senhor. É muito bom o capitalismo moderno deste século XXI, compreendo tudo... E eu a pensar que estava a ficar um conservador. Mas digam-me, vocês que militam desse lado, conservar o quê?
Como bom algarvio, cresci na praia e sempre levei com a máxima "Não podes entrar na água enquanto estiveres a fazer a digestão!". Três horas, duas horas e meia. Até ter fome.
Descobri recentemente que não passa de uma conspiração parental para evitar que as crianças se divirtam. Achei estranho ao falar com amigos alemães e estarem a comentar porque raios é que em Portugal se esperava duas horas para tomar banho, duche, molhar a ponta dos dedos dos pés. Fui investigar.
Não há, no mundo inteiro, qualquer registo de afogamento de criança ou adulto, em que a causa do afogamento esteja directamente relacionada com a digestão. Há sim uma relação entre a temperatura do corpo e a temperatura da água, pelo choque térmico causado no coração. Um escaldão neste caso até é mais perigoso.
A Cruz Vermelha americana até fez uma experiência sobre o assunto:
Dr. Tim Johnson asked a swimming class what they thought. They believed it. When he told them it was a myth, they didn't believe him.[..] The American Red Cross agrees. We set up our own experiment with those skeptical swimmers. We had them climb out of the pool and eat a snack. We had them get back in the pool and swim vigorously.
Everybody in class felt fine. One swimmer even said he was hungry.
Dentro da temática do laboratório, venho hoje falar-vos sobre análises clínicas, essa coisa que de vez em quando o médico de família nos manda fazer. Parece simplesmente um assunto desagradável, mas é bem mais que isso.
Começa pelo jejum, talvez a parte que menos me chateia apesar de detestar sair de casa sem comer. Acordo sempre com uma fome daquelas capazes de comer um boi inteiro e custa ter de me arrastar até ao laboratório, que felizmente fica já ali ao fim da rua. Tenho também que admitir que só com o pequeno almoço diluo uma grande parte do mau humor matinal. O que acontece nos dias de análises é que tenho de me esforçar para não insultar o vizinho que passa por mim na rua ou o tipo da tabacaria que teima em me cumprimentar. Faço um esforço e só respondo em monossílabos o que não facilita a comunicação mas permite-me comprar tabaco no dia seguinte. Depois começo por estranhar como a recepcionista percebe o que a minha médica de família escreveu. Não era suposto só médicos de farmacêuticos perceberem aquela escrita cuneiforme? Tento acalmar-me e espreito o programa da manhã da TVI que quase me faz explodir de raiva. Ora, estas coisas não podem fazer bem ao sangue de um tipo! Após a espera mandam-me entrar. Começa o filme de terror. Digamos que se eu fosse Peter Jackson no início dos anos 90, teria feito um filme sobre análises clinicas. Cem minutos de tipas de bata branca a fazer pontaria às veias do braço. Aliás, todo o imaginário dos vampiros nasceu num laboratório destes. Há mais alguém que passe o dia a roubar sangue das veias das pessoas e ganhe a vida com isso? Aliás, defendo que o primeiro laboratório deste género foi na Transilvânia e pertencia ao famoso Dr. Drácula. Vou confessar que só existe uma maneira de me controlar e não sair dali a correr sempre que a bata branca começa a preparar a agulha, a seringa, o garrote e os outros objectos de tortura legais. Olho para o tecto e penso em sexo. É a única altura que tenho de me esforçar para pensar em sexo e não me excito minimamente, o meu cérebro não se deixa enganar a esse ponto, sabe que a qualquer momento irá sentir a picada e depois o mosquito gigante começa a sorver o meu conteúdo. Quando a agulha sai do meu braço não consigo evitar olhar para os litros de sangue que me roubaram e percebo também nessa altura porque nos pedem para ir jejum, evita-se assim que o paciente vomite em cima da bata branca do vampiro. Mas ainda não acabou. Aliás a parte mais ridícula aparece depois do sangue sair, quando me perguntam se trouxe urina. Como queriam eles que eu a trouxesse? Numa garrafa? Ia pela rua com uma garrafa de mijo sorrindo às pessoas e dizendo “Foi a primeira da manhã! Não tem uma bela cor? Com tanta espuma até parece cerveja!”. A coisa torna-se hilariante quando me dão dois tubos onde não cabe o meu mindinho e pedem que “faça” lá para dentro. Há várias coisas aqui que não batem certo. Primeiro não sou daqueles tipos que funcionam sob pressão, depois mal acordo corro para a casa de banho e demoro meia-hora a mijar tudo que a minha bexiga produziu nas hora de sono, e para acabar não percebo como querem que consiga acertar no tubo, se às vezes a sanita é estreita imaginem o tubinho. Enfim, é uma porcaria. Primeiro tenho de me concentrar para inventar vontade, depois controlar a fome e depois de conseguir acertar no tubo tenho de parar a tempo a pressão e passar para o outro tubo igualmente minúsculo. Ora a coisa não pode correr bem e demora sempre mais do que eu queria. Acaba comigo a lavar as mãos ainda amareladas da urina, passar os tubos por água e enojado passa-los à bata branca que me entrega um talão com a data para ir levantar as análises. Engraçado é que saio sempre do laboratório muito mais bem disposto. Parece que enfrentei um monstro enorme e sai de lá com vida. Normalmente comemoro a vitória na pastelaria mais próxima.
Por várias vezes, alguém que andou a cuscar a minha galeria me pergunta
por técnicas utilizadas, aberturas de lente e se a Nikon ou a Canon é que é. Costumo responder
que da máquina apenas quero uma boa lente e um sensor limpo, que o Photoshop trata do resto. Seguem-se
as acusações de manipulador a realidade, à boa velha escola estalinista. Pois serve o presente em primeira análise para limpar as calúnias. Em segunda para falar um pouco das técnicas e efeitos que lá fui aprendendo. Por hoje fico-me no preto e branco, pois sempre tive curiosidade quando vejo uma foto a preto e branco que gosto, de saber como seriam as cores daquela situação.
Nas quatro fotos que se segue, para ver o original basta colocar o cursor do rato sobre a pretendida. O Antes e o depois tornam-se assim evidentes.
Plantações de chá em Munnar, Índia Nesta paisagem acabei por escolher o fotograma que estava mais escuro, porque estava a fotografar em contraluz e dá para recuperar mais informação das zonas escuras. Nos outros fotogramas, o céu estava explodido, aparecendo todo branco. É esse o motivo porque algumas máquinas fotográficas mostram as zonas brancas das fotos a piscar.
Pescador em Cochim, Índia
Aqui procurei realçar a expressão do pescador. O corvo que aparece em segundo plano é mais evidente no original, mas ao escurecer distrai menos, o que leva a que olhemos mais para a expressão.
Autocarro atolado em Thekkady, Índia Aqui o photoshop faz maravilhas, ao recuperar uma zona que estava completamente escura e sub-exposta. Seria uma foto banal sem dar um pouco de tratamento na expressão.