Desde pequeno que me faz confusão terem traduzido Dick por David e Georgina por Maria José. Se não fosse o Júlio, a Ana e o Tim tornava-se impossível ver a série inglesa depois de ler os livros traduzidos. Mas deixando pormenores de lado peço que atentem no genérico. Começa por apresentar a Zé antes do Júlio, demonstrando alguma propaganda lésbica às crianças até porque é a figura masculina mais proeminente. Recordo no entanto que 40% dos problemas eram resolvidos pelo Júlio e não pela Zé, volta e meia ela acobardava-se e eles recordava que ela era uma menina. Já na imagem ela aparece a fazer uma valente derrapagem de bicicleta com um olhar corajoso e profundo antes do Júlio tarzanar uma liana inglesa com cara de pânico. Depois aparece a Ana como uma amazona, embora na verdade ela fosse mais um problema que uma solução. Não fossem os ingleses uns cavalheiros e chamava-lhes meninos. De seguida o David (em inglês Dick) arrasta-se numa jangada dentro de um lago lamacento e sem motivo aparente cai à água. Ora este Dick era quem resolvia 5% dos casos. Seguiam-se a Zé com 4%, a Ana com 1% e o Tim com 50%. Este Tim aparece depois de todos os outros a cheirar o chão (talvez procurasse trufas para o pic-nic do dia seguinte) e de seguida corre para os quatro cachopos porque ele quer é festas embora seja um valentão. Temos depois uma sequência do que eram os cinco; portas secretas, esconderijos, grutas, lanternas, castelos, ilhas, traficantes (antigamente chamados contrabandistas). E reparem quem entra impávido e pleno de coragem numa porta que se abre do nada? O David, o tal que cai no charco e é humilhado logo na apresentação. Temos então uma lareira com uma pequena arrumação para acendalhas mas o plano fica preso para dar a ideia que pode ser a entrada para o reino dos nano-bandidos locais. Depois aparece o grande aliado, Quentin Kirrin, pai da Zé, tio dos restantes, um tipo culto, cientista, também com apetência para arranjar sarilhos e safar-se deles sabe Deus como. O plano seguinte são jóias que provavelmente conseguiram resgatar de uns tipos maus e voltam ao grupo a fazer festas ao Tim, afinal era ele quem safava quase sempre a coisa. E antes da imagem final dos Cinco a correrem na planície amarelada de Exbury, tenho apenas que sublinhar que nos créditos aparece primeiro o Júlio, depois o David e a Ana (talvez por serem irmãos) e só depois a Zé e o Tim (em inglês Timmy the Dog que afinal se chamava Toddy). Para acabar de vez a música lembra-me Blur no início dos 90 com um coro de crianças a cantar. Confunde não é?
..Será que o velho vai criar um blogue? No me despido de ustedes. Deseo solo combatir como un soldado de las ideas. Seguiré escribiendo bajo el título "Reflexiones del compañero Fidel" . Será un arma más del arsenal con la cual se podrá contar. Tal vez mi voz se escuche. Seré cuidadoso. texto completo.
Eu pessoalmente, até podia, mas este blogue, enqunto entidade em si, não tem moral para recusar o que quer que venha do blogue acausafoimodificada.
Assim sendo fiquem então com doze palavras que aprecio:
1. Amiúde - não é muito nem é pouco, é uma quantidade certa ali mesmo antes de fartar. Uma espécie de utilidade marginal óptima. Além de que é um útil filtro social que permite excluir imediatamente quem fizer trocadilhos parvos com 'a miúda';
2. Alimária - É um insulto sem resposta. Se me chamarem alimária eu não tenho como elevar a parada. Ou perco a discussão ou entro por uma espiral de violência física. E é muito musical. Alimária, alimária, alimária, alimária...
3. Percussão - começa por ser uma palavra coerente consigo própria. Percussão tem percussão (peço desculpa). E também porque até uma certa idade pensei que percussão eram teclados e só para aí aos vinte anos é que descobri que não se escrevia como quem escreve um 'percurso muito grande';
4. Bivalve - É muito raro envolver-me numa petiscada que não envolva bivalves de alguma espécie. E é divertido imaginar malta do Porto a dizer bivalve;
5. Disparate - Não se diz disparate vezes suficientes e é desarmante. Sobretudo naquele seu modo mais seco e sem mais nenhum complemento: "disparate!"
6. Cretino - Por simpatia, empatia até, eu gosto de coisas cretinas. É só.
7. Cruzeta - Cabide é uma palavra incompleta. Cruzeta além de mais definitivo dá logo uma ideia da construção do objecto. Quase se pode fazer um em casa só de ouvir a palavra. E além disso a minha mãe é de Trás-os-Montes;
8. Engenheiro - Pela confiança que esta palavra me dá. Médico ou sapateiro transmitem-me competência mas não uma segurança que o termo engenheiro me passa.
9. Ténis - Tenho o ténis aqui como mártir, pelo mal que as pessoas fazem às palavras. Transformar um desporto em calçado é dos episódios mais cretinos da História da humanidade.
10. Sapatilha - Porque lhe fizeram mal e anunciaram-lhe a morte de forma desonesta. A sapatilha está bem e recomenda-se, quanto mais não seja por poder ser dita no singular.
11. Cartilagem - Esta juro que não sei como aqui veio parar, mas é uma indiscutivel do doze inicial;
12. Peyroteo - Uma das maiores invejas que tenho aos sportinguistas é terem tido um gajo com este nome. Passei a infância a pensar nisto. Pietra não é mau, sobretudo em conjunto com Minervino. Mas não é a mesma coisa.
Mesmo que esta coisa não fosse para passar a ninguém eu passava isto seguramente ao Comboio Azul e ao Manuel Padilha aqui de casa porque é o diabo para escreverem aqui seja o que for, à Pacharina, à a_john e à minha mana, que não tarda tem o blogue deslincado, de tanto que lá escreve.
A relativa carestia de abrir um bom vinho em Nova Iorque é compensada pelo bom hábito de aí se abrir muitas vezes um restaurante sem pagar extra pela “liquor selling license”. Temos assim os estabelecimentos Bring Your Own Wine que não julguem ser casas de pasto de segunda. A maioria tem óptimas cozinhas e quando se localizam estrategicamente próximo de wineshops a combinação é perfeita.
É o caso de um BYOW no bairro de Chelsea que frequentei bastas vezes, munindo-me sempre de um bom tinto na Garrafeira Pereira, dois quarteirões abaixo. Os Pereiras, pai e filho, para além de serem proprietários da única loja de Manhattan com um poster do FCP Campeão Europeu de 1987 na parede, têm seguramente a melhor oferta de vinho português dos 5 burroughs.
Vem isto a propósito do aniversário de um amigo beirão, em Proença-a-Nova, no passado sábado. O moço organizou bem a coisa: escolheu uma data, escolheu uns 60 e tal convidados, escolheu um restaurante afamado da região do Pinhal e escolheu um porco. Um suíno macho de 74kg à medida do repasto. Um peso galo ou mosca, comparando com a porca de quase de 200kg que o mesmo criador também tinha para abate. Seleccionado o animal, enquanto pastava ao ar livre pela propriedade, marcou-se a matança, à qual o aniversariante também ajudou. Depois pagou e levou-o para o restaurante onde eu já o encontrei a rodar no espeto, o lombo para um lume bem vivo, o olhar perdido no céu imenso da Beira Baixa. E depois o avesso. E assim por diante. E às voltas. Até assar.
O almoço durou até às nove da noite. A concertina calou-se quando acabou o porco. E a meia pipa de vinho que também veio lá da adega de casa. O restaurante cobrou o que tinha a cobrar, todos ficaram contentes e o mundo era perfeito não fosse o Benfica ter amargado o fim de festa com aquela pasmaceira frente ao Nacional.
Sei que já há restaurantes BYOW em Lisboa. E ainda bem. Muito bem-vindos são. Agora, como retribuição, o que eu gostava mesmo de ver era um leitãozinho, vá, small is beautyful, a sair duma limousine branca rumo a uma mesa fina da Madison Avenue, um restaurante da moda do Soho ou até uma cantina na Mulberry Street. É isso que eu, sinceramente, desejo para a América. É isso e o preto ganhar aquela merda!