A ante-estreia do primeiro de seis episódios é hoje às 21h30 no S. Jorge, seguido de concerto com a banda que dá nome à coisa pela meia-noite no Maxime.
Esta notícia da Lusa diz tanto sobre o espírito burocrático e proibidor dos portugueses como dos elevados assuntos que tiram o sono aos senhores de Bruxelas. Assim vamos, a caminho da normalização do Galo de Barcelos:
Tribunal europeu deverá condenar Portugal por proibir películas coloridas nos automóveis comerciais e de passageiros
A advogada-geral do Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias Verica Trstenjak defendeu hoje a condenação de Portugal por proibir a afixação de películas coloridas nos vidros dos veículos automóveis de passageiros ou de mercadorias.
"Essa proibição impede a comercialização em Portugal das películas coloridas legalmente fabricadas e/ou comercializadas num outro Estado Membro ou num Estado signatário do Acordo EEE (Espaço Económico Europeu)", lê-se nas conclusões de Verica Trstenjak, a que a agência Lusa teve acesso.
A advogada-geral do tribunal sedeado no Luxemburgo propõe, assim, que Portugal seja condenado no pagamento das despesas do processo, não indicadas, sendo que o acórdão final deverá seguir as suas recomendações.
A causídica negou provimento às alegações portuguesas de segurança interna e rodoviária para manter a proibição de afixação de películas, considerando que Lisboa não conseguiu justificá-las com "elementos de informação adequados - por exemplo, estudos, relatórios, estatísticas" (...)
Quase ninguém pensa nisso, mas quando o faz não imagina como pode ser poética a escolha do herbicida, pesticida ou fungicida que matará o problema que está a ter no campo de cultivo. Nem sequer me refiro às quadras de vira ou cânticos da Eucaristia Dominical que se podem fazer com Diacilhadrazida e Ditiocarbamato, mantenho-me apenas nos nomes (registados comercialmente) como Basta S, o tal do Ácido aminofosfínico, ou o Melody que funciona muito bem com o Karate + nos filmes de artes marciais. A bioquímica permite fazer uma Tatoo a Gulliver ou dar um ar atlético à sua vinha com Runner. Se quer matar a bicharada não só deste planeta como do resto da Galáxia use Galactico, para dar uma cornada de vez aos fungos que lhe queimam o tomateiro use Torero, ou se quiser menos violento provoque o suicídio colectivo do pedrado da macieira com Fado WG.
Juro que nem sei por onde comece, mas está visto que eu podia dedicar a vida a olhar para anúncios. É que isto vai muito para lá detrás do politicamente correcto. Isto é todo um outro desporto. Isto é pôr as tabaqueiras com armas iguais: os médicos preferem Camel, os dentistas na sua condição de dentista aconselham Viceroys, não seja gordo - em caso de tentação fume um cigarro (neste parece que a indústria da confeitaria e doçaria se revoltou), se quer nervos de aço fume um cigarro, gee mommy, you sure enjoy your Marlboros, e já que vai inalar então que seja torrado (não sei como se lembraram desta do toasted).
Acenda um cigarro, recoste-se e aprecie o mundo quando ainda não se pensava em ASAE (e em que estava tudo louco. Às vezes, se calhar, as pessoas precisam de ser protegidas de si próprias).
Não me recordo de nenhuma banda que consiga ao mesmo tempo ter tanto respeito ao original e individualidade na abordagem (peço desculpa por esta palavra) como os Sonic Youth quando fazem uma versão de alguém. E aqui incluo coisas como o beat on the brat, addicted to love ou ça plan pour moi, assim de cabeça, para não me dar ao trabalho de ir ali consultar as cassetes.
O Sr. Van Sant não gosta de argumentos arranjadinhos, com uma história linear, uns diálogos certos, uma sequência temporal lógica. Gosta de dar ao espectador a ideia de que a câmara só lá está a filmar o real, como se a câmara fosse personagem participante. Isto às vezes dá, outras nem por isso. "Elephant" é excelente, "Last Days" é péssimo, digo eu com toda a autoridade que tenho para dizer isto. "Paranoid Park" é um ganda filme. Conta-nos o que precisamos, quando ele acha que nós precisamos, e depois faz-nos embarcar em sequências em que a música e a imagem se fundem na perfeição. O personagem imagina e nós vamos atrás. Não é que eu tenha ido muito ao cinema nos últimos tempos, mas há muito que não saía assim satisfeito de um filme. Está perdoado, Sr. Van Sant. Pode dormir descansado.
Should we tax tall workers at a higher rate than their shorter peers? Any moneymaking quality that can be clearly set apart from effort is of special interest. The Height Tax - NYT
Tive em tempos um professor de Economia Internacional que acabou uma aula dizendo que a fiscalidade é um mundo fascinante, ele próprio embevecido com o modo como tinha explanado tão bem o tema durante três horas. Na altura torci o nariz, mas a verdade é que isto é gente criativa. Eu sabia que mais tarde ou mais cedo os gajos vinham atrás de mim e do John Cleese. Uma pessoa não pode ter talento.
O Camarada Sérgio já discorreu o suficiente sobre, Control, esse masoquista retrato do sr. Curtis enquanto jovem angustiado. Ainda assim, aproveito a deixa para sublinhar um outro lado do filme. Os Joy Division terão nascido em 1977 e faleceram em 1980. Diz-me quem percebe do assunto que os tipos não eram ainda os reis da popularidade, mas, pelo filme, dá para perceber que tocavam todos os fins-de-semana - ou mais ainda - iam, amiúde, à televisão e preparavam-se para uma 'tour' em solo americano. Isto em três anos. Não consigo deixar de fazer comparações com a nossa situação, em 2007. Quem se lembrar de fazer uma banda nestes dias toca onde, vai à televisão como, arranja uma 'tour' de que forma? Há excepções, claro que as há, mas neste canto da Europa nunca houve um circuito de bares e salas de concerto realmente interessados em mostrar sangue novo. E é pena.
Ver o Control provocou-me uma reacção oposta ao que supunha. Eu que nunca consegui sensibilizar-me com a música de Joy Division ou com a figura de Ian Curtis, e que não sei absolutamente nada sobre a vida do rapaz, saí com uma certa sensação de injustiça. Se eu gostasse da banda tinha saído francamente chateado. O Ian Curtis por quem tanta gente que respeito tem tão sincera admiração, não pode ser aquele míudo que está constantemente com pena de si próprio sem sequer saber bem porquê. Não consegui perceber se este argumento é uma pequena vingança de Deborah Curtis ou se sou eu próprio que estou a procurar caminhos para perdoar uma figura e sobretudo uma história um pouco banal. Acho que há muito pouco do que são os Joy Division neste Control. Ou melhor, há muito pouco no que quer contar, mas curiosamente até me pareceu haver muito do Ian Curtis que imaginava na fotografia, na estética, na montagem de todo o filme. Talvez tenha sido o Anton Corbijn documentarista a fazer o possível para trazer o melhor de Joy Division com os únicos meios que tinha: a fotografia, a estética, a montagem. Isto claro, pensado por mim, que não entendo os Joy Division nem conheço nada de Anton Corbijn.
Fiquei foi com uma tremenda curiosidade de ver uma fotografia da Annick Honoré enquanto jovem. É que a Alexandra Maria Lara, que a interpreta, é mesmo gira.